missão e preservação, pelo fato de ter sido copiada, meticulosamente, seguindo regras estabelecidas pelos próprios escribas hierosolimitanos. Os outros tipos textuais hebraicos existentes ao lado do Texto Protomassorético foram os que deram origem ao Pentateuco Samaritano e à Septuaginta, os quais discordam em vários detalhes relativos ao texto, à ortografia e à morfologia em relação ao texto de tipo massorético. Determinados eruditos argumentam que esses outros tipos textuais eram textos vulgarizados, transmitidos sem muitos critérios e sem obedecer a regras estabelecidas e, por isso, possuíam alterações como se constata no Pentateuco Samaritano e em determinados manuscritos de Ḥirbet Qumran. Todavia, apesar disso, todos eram de uso comum entre os judeus e nenhum deles tinha mais autoridade do que o outro no período pré-cristão. Existem provas de que o Texto Protomassorético já existia desde antes do século III a.C., como comprovam vários manuscritos encontrados em Ḥirbet Qumran, em Wadi Murabba‘at, em Naḥal Ḥever e em Massada. Pelas últimas estimativas, cerca de 35% dos manuscritos bíblicos hebraicos encontrados no sítio arqueológico de Ḥirbet Qumran estão de acordo com essa recensão do texto bíblico. Possivelmente, os rabinos da época dos primórdios do cristianismo resolveram selecionar e oficializar um dos tipos textuais hebraicos que julgavam como o melhor e o mais consistente dentre os vários que eles conheciam. Depois de aceito, o texto hebraico de tipo massorético passou a ser copiado com exatidão e com reverência pelos escribas judeus e, além disso, sem alterações, adições, omissões ou modificações significativas. Conseqüentemente, sua forma textual permaneceu, praticamente, inalterada desde o período do Segundo Templo. Com o passar do tempo, as diferenças internas do Texto Protomassorético diminuíram em vez de aumentarem e isso foi devido ao trabalho meticuloso, primeiro dos escribas e, mais tarde, principalmente dos massoretas, que foram os principais responsáveis pela uniformização do Texto Massorético e pelo decréscimo das variantes em seu texto. 3. Elementos Paratextuais ou Ortografias Irregulares Junto com a estrutura consonantal do Texto Protomassorético, a tradição textual judaica preservou e transmitiu vários elementos incomuns neste mesmo texto no período anterior ao dos massoretas. Tais peculiaridades são conhecidas como “elementos paratextuais” ou “ortografias irregulares”, que são parte integrante do texto bíblico hebraico desde muitos séculos. Todos os manuscritos hebraicos medievais como todas as edições impressas da Bíblia Hebraica os contêm. Não foram particularidades textuais inventadas pelos massoretas, que possivelmente, não as compreendiam plenamente e também não conheciam a sua real função, mas as mantiveram. Tais pormenores textuais são comentados neste tópico. a. Puncta Extraordinaria Existem 15 passagens no Texto Protomassorético em que pontos especiais aparecem acima de algumas letras em determinadas palavras no texto bíblico (no Salmo 27.13, os pontos aparecem acima e embaixo de um vocábulo). Porém, tais pontos não podem ser confundidos com sinais de vocalização ou mesmo de acentuação. Esse fenômeno textual é conhecido pela denominação latina puncta extraordinaria (pontos extraordinários) e em hebraico como tOwGduqÕn (nǝquddôṯ, pontos) ou como tOwdGoq…n¸m tOwyitOw' (’ôṯîôṯ mǝnuqqāḏôṯ, letras pontuadas). Os puncta extraordinaria constam em 10 passagens do Pentateuco, quatro dos Profetas e uma dos Escritos. Tanto os rolos da Torá usados na sinagoga quanto os manuscritos massoréticos e edições impressas da Bíblia Hebraica apresentam todos os pontos em seus lugares tradicionais. Os estudiosos não estão de acordo sobre o motivo da existência desses pontos e sua real função dentro do texto bíblico hebraico. Alguns eruditos acreditam que, provavelmente, conservam tradições textuais divergentes ou determinados aspectos doutrinários.
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