Para que a purificação fosse realizada havia a necessidade do uso de três elementos: cedro, carmesim e hissopo. A palavra “cedro” em hebraico é erez e esta árvore é da família dos pinheiros, representando a força, esplendor e longevidade. Cresce melhor nas regiões altas e secas. O tamanho médio dos cedros é de 28 metros. Algumas vezes espalha raízes entre as rochas. Um óleo especial do cedro impede-lhe a destruição pelo apodrecimento e pelos insetos. Esta palavra vêm da raiz arûz que significa “firme, forte”. A primeira coisa que percebemos é que o pedaço de cedro usado na purificação simboliza que o leproso agora estaria passando para um novo estágio de vida. Do abandono e do ostracismo ele passaria agora a ser visto como alguém plenamente reintegrado à sociedade e sua vida seria novamente forte e segura. Ele – através da cura – recebera um “óleo” de alegria que o renovara e isso certamente impediria que sua vida “apodrecesse” e se acabasse!
Já a palavra “carmesim” em hebraico é tôha com o mesmo significado. Essa tintura altamente vermelho forte era conseguida a partir dos corpos de quermes (insetos) fêmeas e estes insetos vivem num certo tipo de carvalho natural do Oriente Médio! Por isso era muito valorizada e foi usada para construir o tabernáculo e as roupagens dos que ali adoravam. O carmesim representava o sangue que havia sido derramado para trazer ao leproso a sua verdadeira e plena purificação! Somente o sangue poderia purificar a incurável lepra!
O último elemento chama-se hissopo. Esta palavra vem do hebraico ezob com o mesmo significado. Esta é uma planta que cresce em muros, devendo ser identificada provavelmente com a manjerona, da família da hortelã. Ela era considerada o mais insignificante dos arbustos. Era a planta usada para aspergir o sangue após o sacrifício sobre o imundo. É interessante como este pequeno arbusto era usado como um tipo de instrumento para que o sangue fosse “jogado” sobre as pessoas que dele necessitavam! Isso nos ensina que mesmo aquilo que consideramos mais insignificante poderá ser utilizado pelo Eterno a fim de nos trazer a purificação através do sangue!
A combinação de cedro e hissopo parece representar respectivamente a árvore mais magnífica e o arbusto mais insignificante que se unem para juntos atuarem como elementos que trarão a pureza ao leproso!
O sacrifício da ave deveria obedecer à uma norma que já fora estabelecida pelo Eterno: “Mandará também o sacerdote que se degole uma ave num vaso de barro sobre águas vivas, e tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo, e os molhará, com a ave viva, no sangue da ave que foi degolada sobre as águas correntes. E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo” (Lv 14:5-7). A primeira idéia é sobre as “águas vivas” que simbolizam as águas correntes. A frase dá idéia de uma nascente ou de um córrego. Agora, quanto ao pássaro que se soltava, ele não era um sacrifício. O leproso ao ver o pássaro voar livremente, veria uma dramatização religiosa da sua própria libertação da doença. A isso chamamos de “ato profético”, pois quando a ave saía voando livremente o ex-leproso sabia que a partir de agora a sua vida tinha sido liberta a fim de que ele também pudesse gozar de plena liberdade pela purificação que alcançara. Duas coisas aconteciam:
sangue era aspergido sobre o leproso sete vezes. Isso simbolizava a totalidade da purificação que chegara ao leproso através da morte do animal.
Uma ave morre e a outra sai viva voando – simboliza que alguém morreu e agora há liberdade daquele que recebe a cura.
O mesmo ritual se aplica à purificação de uma casa. Esse mesmo procedimento aparece em Levítico 14.53: “Então soltará a ave viva para fora da cidade, sobre a face do campo; assim fará expiação pela casa, e será limpa”. Era semelhante ao ritual do bode expiatório que fazia parte das cerimônias do Dia da Expiação em Levítico 16:21: “E Aharon porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso”.
O procedimento de purificação era acompanhado ainda por outros detalhes: “E aquele que tem de purificar-se lavará as suas vestes, e rapará todo o seu pêlo, e se lavará com água; assim será limpo; e depois entrará no arraial, porém, ficará fora da sua tenda por sete dias; e será que ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas; sim, rapará todo o pêlo, e lavará as suas vestes, e lavará a sua carne com água, e será limpo, e ao oitavo dia tomará dois cordeiros sem defeito, e uma cordeira sem defeito, de um ano, e três dízimas de flor de farinha para oferta de alimentos, amassada com azeite, e um logue de azeite” (Lv 14:8-10). O procedimento de purificação tem início pela “lavagem das vestes”. Isso representa que, assim como o nosso homem interior está curado, o nosso exterior também sofrerá mudanças visíveis aos olhos dos outros. Certamente isso levará um período, que era simbolizado pelos “sete dias” que ele permanecia fora do arraial. Esse período nos fala sobre algo completo, pleno. É o início e o fim de um ciclo que se completa e então novamente o homem está pronto para voltar ao convívio dos seus. Os pelos do corpo sendo raspados representam o abandono ao velho para que nasça – surja – algo novo em sua vida! Novamente a vida se renovará no corpo físico do homem e isso se tornará visível aos olhos dos demais!
Após isso feito, ao oitavo dia, seriam oferecidos três cordeiros ao Senhor juntamente com três medidas de flor de farinha com azeite! Os animais simbolizam as três áreas do homem que seriam restauradas: corpo, alma e espírito. Também as três medidas de flor de farinha nos falam sobre o melhor de nossas vidas – também nas três áreas citadas – que seriam oferecidas ao Eterno juntamente com azeite – que é símbolo da unção do Espírito! A vida sem “unção” não é recebida pelo Senhor!
No verso 11 temos outros detalhes importantes: “E o sacerdote que faz a purificação apresentará o homem que houver de purificar-se, com aquelas coisas, perante o IHVH, à porta da tenda da congregação” (Lv 14:11). O que merece destaque é que há uma necessidade de se apresentarem com tudo perante o Senhor (IHVH). Isso significa que o Eterno se tornaria para aquele homem justamente o que ele estaria precisando: purificação! Este encontro ocorreria à porta da tenda da congregação. A palavra “tenda” em hebraico é ohel e significa “tenda, habitação”. Já a palavra “congregação” em hebraico é mo´ed e significa “local determinado, tempo determinado, local de assembléia, festa designada”. Outra vez percebemos que o Eterno – Aquele que se torna aquilo que precisamos – marca com o homem um encontro em sua habitação que é o local determinado, no tempo determinado, a fim de ali realizar com ele – o pecador – uma festa, que é feita por causa da reconciliação entre D-us e o homem!
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