A cultura do “eu preciso me dar bem”
por Roberto de Lucena
Os frequentes (e nada novos) escândalos de corrupção que insistem em contaminar a nossa política me levam a refletir sobre qual seria a fonte de tudo isto – levando em consideração aquele dito popular que “o mal deve ser cortado pela raiz”.
Não posso me restringir às velhas justificativas do Brasil Colônia, que formou o nosso país já de um modo desleixado, mas preciso reconhecer que há um certo comodismo nestes argumentos.
É claro que o nosso país recebeu conceitos governamentais / sociais distorcidos em sua formação inicial, mas também permitiu que isto passasse a integrar a sua própria cultura. Explico: Vivemos hoje a cultura do “eu preciso me dar bem”.
Há séculos o cidadão brasileiro de forma geral sente-se órfão de seu próprio governo e tenta compensar este abandono com o famoso “jeitinho”, aliando sua criatividade a pequenos atos corruptos.
“Eu furo fila porque estou atrasado” / “Compro CD pirata porque as gravadoras exploram os nossos artistas” / “Sonego impostos porque os governantes roubam o dinheiro público”. Veja como é sutil a distorção de princípios nestas frases.
A ética precisa estar visível em nossos atos, independente da conduta que todos à nossa volta adotem. Um erro não justifica o outro. Destaco a importância disto não apenas, como cristão, mas também como homem público e cidadão que sou.
É inútil reclamar do governo e continuar vendo como “normal” as pequenas infrações do cotidiano.
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