Gaza poderá tornar-se inabitável em 2020, alerta a ONU
Um estudo das Nações Unidas alerta que a Faixa de Gaza poderá tornar-se totalmente inabitável em menos de cinco anos, devido às três guerras de destruição do exército israelita nos últimos seis anos e ao bloqueio econômico imposto por Israel, que dura há oito anos.
4 de Setembro, 2015 - 13:29h
Gaza (American International School) – foto de Begemot/flickr
O relatório da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), divulgado no dia 1 de setembro de 2015, alerta que a Faixa de Gaza pode tornar-se inabitável em 2020 e que as condições socioeconômicas no território estão no nível mais baixo desde 1967.
O documento aponta que a situação é insustentável, após oito anos de bloqueio econômico e três guerras lançadas pelo exército israelita contra a Faixa, em seis anos.
Segundo o organismo da ONU, a economia de Gaza sofreu, em 2014, a primeira recessão desde 2006 e a segunda queda consecutiva do PIB per capita. Desde 1994, o PIB de Gaza caiu 30%. Além disso, o número de colonos israelitas quadruplicou desde os Acordos de Oslo e já superam os palestinianos na zona C.
O documento refere que, nos quatro primeiros meses de 2015, Israel voltou a reter as receitas aduaneiras palestinianas, que representam 75% das entradas de dinheiro na Faixa, e aponta que a crise de liquidez desacelerou as atividades econômicas e afetará mais uma vez negativamente o PIB de 2015.
A UNCTAD sublinha ainda que os “esforços de reconstrução são extremamente lentos em relação à magnitude da devastação”, salientando que a economia de Gaza não teve oportunidade de recuperar.
O documento assinala que os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza destruíram a sua capacidade de produzir para exportar, arruinaram as suas infraestruturas e agravaram o empobrecimento do Território Palestiniano Ocupado.
Quase metade da população total de Gaza depende das agências da ONU para se alimentar
O estudo calcula que as perdas diretas causadas pelas três guerras de Israel contra Gaza, entre 2008 e 2014, representam o triplo da produção do território, tendo o setor agrícola perdido cerca de 550 milhões de dólares
O documento realça também as graves crises de água e eletricidade, em consequência dos ataques de Israel no verão de 2014. 95% da água dos aquíferos costeiros da Faixa não tem condições para ser bebida.
Os ataques militares de Israel em 2014 provocaram meio milhão de deslocados e a destruição de 20.000 casas, 148 colégios, 15 hospitais e 45 centros de saúde.
Oito em cada mulheres jovens palestinianas não têm emprego e o desemprego global atingiu 44% em 2014.
O documento da UNCTAD aponta ainda que o número das pessoas que dependem das agências da ONU para se alimentarem aumentou de 72.000 em 2002 para 868.000 em maio de 2015, quase metade da população total de Gaza.
0 Comentários