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Bem-aventuranças Interpretações


Estudo completo em bem aventuranças no link no final da postagem  Bíblia de Jerusalém comenta o conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de rodapé e indicações de paralelismos relativas a Mateus 5:3-12 e Lucas 6:20-23, que observam que:
  1. Evangelho de Lucas contém uma relação resumida de bem-aventuranças em: Lucas 6:20-23, e após as bem-aventuranças apresenta uma relação de maldições Lucas 6:24-26;
  2. as bem-aventuranças relatadas em Mateus 5:3-12 contém um programa de vida com promessa de recompensa celeste, enquanto que o conjunto formado pelas bem-aventuranças e maldições relatadas respectivamente em Lucas 6:20-23 e em Lucas 6:24-26 anunciam a mudança de situações entre essa vida e a futura (cf. Lucas 16:25);
  3. em Mateus 5:3-12 os bem-aventurados são referidos na terceira pessoa, enquanto que em Lucas 6:20-23 e em Lucas 6:24-26 os discurso é feitos diretamente, respectivamente, aos bem-aventurados e amaldiçoados, que são referidos na segunda pessoa;
  4. no Antigo Testamento também é possível encontrar:
4.1 ditos de felicitações, tais como: Salmos 1:1-2Salmos 33:12Salmos 127:5-6Provérbios 3:3 e Eclesiástico 31:8;
4.2 associação entre ditos de felicitações e ditos de maldições, tais como: Isaías 65:13-14;
4.3 ditos de maldição, tais como: Isaías 5:8-25 e Habacuque 2:6-18;
5. também foram encontrados ditos de felicitação em trechos dos Manuscritos do Mar Morto;
6. as três primeiras bem-aventuranças (Mateus 5:3-5Lucas 6:20-21+) declaram que as pessoas comumente tidas como infelizes e amaldiçoadas são felizes, pois estão aptas a receber a bênção do Reino;
7. as bem-aventuranças posteriores (Mateus 5:6-12) tem maior foco na atitude moral do homem;
8. há outros ditos de felicitações no Novo Testamento, tais como: Mateus 11:6Mateus 13:16Mateus 16:17Mateus 24:46Lucas 1:45Lucas 11:28Apocalipse 1:3 e Apocalipse 14:13;
Edição Pastoral da Bíblia, comenta Mateus 1:12
As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime.
Os que buscam a justiça do Reino são os "pobres em espírito". Sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade.
E também comenta Lucas 6:17-26:
O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza.
Bíblia do Peregrino comenta o conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de rodapé a Mateus 5:1-12 e Lucas 6:20-26, que observam que:
  1. as bem-aventuranças são enunciados de valor, e não mandamentos como os "Dez Mandamentos", apresentados em um gênero literário denominado "ashrê" em hebraico, que é frequentemente utilizado no Livro de Salmos e na poesia sapiencial;
  2. tais enunciados:
2.1 revelam uma felicidade humana paradoxal, que vinculam promessas de bens excelentes a exigências extraordinárias;
2.2 como apresentados em Mateus 5:1-12, insistem mais em atitudes do que em situações;
2.3 pretendem mais o alcance do que a precisão;
2.4 indicam que a felicidade não está no exercício das bem-aventuranças, mas nas suas consequências, por outro lado não se exclui que as consequências positivas já sejam percebidas no exercício das bem-aventuranças;
3. a proclamação programática encontrada em Lucas 6:20-26 distingue-se daquela encontrada em Mateus 5:1-12, pois no Evangelho de Lucas pode-se encontrar  duas estrofes paralelas e antitéticas, sendo que cada estrofe articula-se em três peças concisas e uma desenvolvida;
3.1 pelo conteúdo, as três peças contidas em cada estrofe, equivalem a variações ou mostram aspectos da mesma realidade;
4. nas bem-aventuranças descritas em Lucas 6:20-23:
4.1 não há atitudes positivas (como beneficência ou trabalho pela paz);
4.2 a pobreza não é qualificada pela interioridade, razão pela qual, pode-se sustentar que a versão apresentada por Lucas esteja mais próxima das palavras originalmente proferidas por Jesus;
4.3 emprega-se um gênero literário frequente no Livro de Salmos e nos demais livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento conhecido como macarismo ou "shry" em hebraico;
5. em Lucas 6:20-26 pode-se encontrar uma relevação escatológica que abre caminho pelo paradoxo (não fruto de uma árvore proibida), trata-se de um anúncio que confronta e divide a humanidade, que introduz e difunde o reinado de Deus na história humana;
Tradução Ecumênica da Bíblia comenta o conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de rodapé a Mateus 5:1-3 e a Lucas 6:20, que observam que:
1. as bem-aventuranças:
1.1 servem de introdução ao Sermão da Montanha;
1.2 na perspectiva apresentada por Mateus:
1.2.1 apresentam grupos de pessoas que se encontram em situação mais propícia para receber o Reino de Deus;
1.2.2 parecem visar a atitudes que constituem a justiça;
1.2.3 teriam a função de exortação mais acentuada;
    1.3 na perspectiva apresentada por Lucas:
    1.3.1 são parte de um discurso dirigido principalmente aos discípulos, para definir a conduta de um discípulo perfeito;
    1.3.2 parecem visar a situações concretas;
    1.3.3 teriam a uma maior caráter social (tema dos pobres);
    1.3.4 são seguidas por quatro antíteses que proclamam a infelicidade dos "felizes" deste mundo;
    1.3.5 têm como ideia geral prometer a salvação aos que na época eram pobres e aflitos, ou seja, o Reino de Deus é apresentado como uma inversão das situações presentes, tal perspectiva encontra sintonia com outros trechos do Evangelho de Lucas, tais como: Lucas 1:51-53 e Lucas 16:19-26;
    1.4 visam sempre a uma alegria concebida por Deus e são fórmulas clássicas da tradição judaica para:
    1.4.1 exprimir o anúncio profético de uma alegria futura, como em: Isaías 30:18Isaías 32:20 ou Daniel 12:12;
    1.4.2 expressar ação de graças por uma alegria presente, como em: Salmos 32:1-2Salmos 33:12Salmos 84:5-6 ou Salmos 84:13;
    1.4.3 fazer exortações com a promessa de recompensas, como em: Provérbios 3:13Provérbios 8:32-34Eclesiástico 14:1-2Eclesiástico 14:20-21Eclesiástico 25:8-11Salmos 1:1Salmos 1:1Salmos 2:12b ou Salmos 34:9b;
    1.5 podem ser dividas em dois grupos:
    1.5.1 em Mateus 5:3-9, as bem-aventuranças giram em torno da pobreza e do comportamento do homem;
    1.5.2 em Mateus 5:10-12, as bem-aventuranças se referem à perseguição;
    2. existem outros ditos de felicitação relatados nos Evangelhos Canônicos, tais como: Mateus 13:16Mateus 16:17Mateus 11:6Lucas 11:28Lucas 12:37-38Lucas 12:43Lucas 14:14João 13:17João 20:29 e Lucas 6:20-23.

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