A Bíblia de Jerusalém faz um comentário específico sobre a felicitação aos pobres por meio de um nota de rodapé a Mateus 5:3, no qual observa que:
- em Mateus 5:3, diferentemente do que ocorre em Lucas 6:20 a felicitação é restrita aos pobres "no espírito", o que evidencia que a palavra "pobres" é empregada com o matiz moral, de forma semelhante ao modo como foi empregada em Sofonias 2:3+;
- despojados e oprimidos, os "pobres" ou os "humildes" estão disponíveis para o Reino dos Céus;
- destaca outras passagens no Novo Testamento onde há referências aos "pobres": Lucas 4:18, Lucas 7:22 = Mateus 11:5, Lucas 14:13 e Tiago 2:5;
- a "pobreza" sugere a mesma ideia que:
-
- 4.1 a "infância espiritual" seria necessária para entrar no Reino dos Céus (Mateus 18:1-5=Marcos 9:33-37, Lucas 9:46-48, Mateus 19:13-14 e Mateus 11:25);
- 4.2 o mistério foi revelado aos pequeninos (népioi) (Lucas 12:32 e I Coríntios 1:26-28);
- 5. o termo "pobres" (ptochói), também pode corresponder:
- 5.1 aos humildes (tapeinói): Lucas 1:48, Lucas 1:52, Lucas 14:11, Lucas 18:14, Mateus 23:12 e Mateus 18:4;
- 5.2 aos últimos que prevalecem sobre os primeiros: Marcos 9:35;
- 5.3 aos pequenos que prevalecem sobre os grandes: Lucas 9:48, Mateus 19:30, Mateus 20:26 e Lucas 17:10;
- 6. embora a fórmula empregada em Mateus 5:3 enfatize o espírito de pobreza, tanto no rico quanto no pobre, Jesus exige a pobreza efetiva dos seus discípulos: Mateus 6:19-21, Lucas 12:33-34, Mateus 6:25-34, Mateus 4:18-22, Mateus 4:18-22, Lucas 5:1-11, Mateus 4:18-22, Marcos 10:28, Atos 2:44-46 e Atos 4:32-37;
- 7. o próprio Jesus dá o exemplo:
- 7.1 de pobreza: Lucas 2:7 e Mateus 8:20; e
- 7.2 de humildade: Mateus 11:29, Mateus 20:28, Mateus 21:5, João 13:12-15, II Coríntios 2:9 e Filipenses 2:7-8;
- 8. Jesus se identifica com os pequeninos e infelizes: Mateus 25:45 e Mateus 18:5.
A Bíblia do Peregrino traduz o Versículo 3 do Capítulo 5 do Evangelho de Mateus, por meio da seguinte expressão: "Felizes os pobres de coração, porque o reinado de Deus lhes pertence", versículo que é objeto de comentário específico em uma Nota de Rodapé que diz que:
- o tema dos "pobres" é recorrente no Antigo Testamento e o sentido do termo pode ser melhor compreendido a partir da leitura de: I Samuel 3:8, Salmos 72:4 e Salmos 72:13 em chave messiânica;
- é difícil determinar o sentido da cláusula restritiva "toi pnêumati", que não está presente em Lucas 6:20, mas pode-se sustentar que a presença de tal cláusula indicaria que Jesus se referiria aos que reconhecem sua pobreza perante Deus ou aos que aceitariam a pobreza e renunciariam à cobiça, razão pela qual se deveria aceitar a ambiguidade da expressão e supor que o reinado de Deus favorece a ambos tipos de pobres.
Os Versículos 20 e 21 do Capítulo 6 do Evangelho de Lucas, que contém, respectivamente, as expressões: "Felizes os pobres, porque o reinado de Deus lhes pertence" e "Felizes agora os que agora passais fome, porque vos saciarei", também são objeto de comentários na Bíblia do Peregrino, por meio de notas de rodapé que dizem que:
- a mensagem se dirige a qualquer classe de necessitados, indigentes, desvalidos, oprimidos. etc.;
- no Antigo Testamento há passagens que mostram preocupação com os pobres, tais como: Isaías 29:19, Isaías 57:15, Isaías 61:1 e Salmos 72:, que permitem concluir que "o reinado de Deus vem para libertá-los e mudar sua sorte, já na história, embora sem concluir a consumação";
- o Antigo Testamento utiliza o termo "ebyôn" para se referir aos pobres em diversas passagens do Pentateuco, dos livros proféticos e dos livros sapienciais, como por exemplo em: Deuteronômio 15:1-11, Isaías 29:19 e Salmos 74:21;
- o famintos a que se refere o Versículo 21 são uma categoria mais restrita, que são referidos em diversas passagens do Antigo Testamento, tais como: Isaías 58:7, Salmos 107:9 e Joel 2:26.
A Tradução Ecumênica da Bíblia traduz o Versículo 3 do Capítulo 5 do Evangelho de Mateus, por meio da seguinte expressão: "Felizes os pobres de coração; deles é o Reino dos céus", versículo que é objeto de comentário específico em uma Nota de Rodapé que diz que:
- uma tradução literal do grupo de pessoas ao qual se dirige essa felicitação poderia ser informada pelas expressões: "pobres pelo espírito" ou "em espírito", mas não se trata de referência ao Espírito Santo, nem à inteligência, mas a uma característica humana que pode ser melhor descrita pelo termo "coração", termo que é empregado no Versículo 8 ("Felizes os de coração puro"), e que representa o centro e a totalidade das pessoas;
- esses pobres pertencem a grande família daqueles que, diante das provações materiais e espirituais, se acostumaram a contar somente com o socorro de Deus[8];
- juntamente com os milagres, a evangelização dos pobres é o sinal dado por Jesus para que os emissários de João Batistapudessem reconhecer o Messias[9].
Os Versículos 20 e 21 do Capítulo 6 do Evangelho de Lucas, que contém, respectivamente, as expressões: "Felizes, vós, os pobres, o Reino de Deus é vosso" e "Felizes, vós que agora tendes fome: sereis saciados", também são objeto de comentários na Tradução Ecumênica da Bíblia, por meio de notas de rodapé que dizem que:
- a felicitação é feita aos pobres de bens deste mundo, diferentemente do que ocorre em Mateus 5:3, onde a felicitação é feita aos que têm "coração de pobre";
- Jesus manifestou a predileção pelos pobres e assemelhados (pequenos/humildes) em outras passagens descritas dos Evangelhos Canônicos, tais como: Marcos 10:21, Marcos 12:41-44, Lucas 14:13-21, Lucas 16:19-26, Lucas 19:8, Lucas 4:18, Lucas 7:22, Lucas 10:21, Lucas 14:11 e {{citar bíblia|Lucas|18|14}, e, pelas próprias condições nas quais nasceu;
- essa preferência manifestada em favor dos pobres e pequenos é a marca da liberalidade soberana de Deus, trata-se de um convite para esperar tudo da Graça de Deus e da compaixão pelos infelizes deste mundo;
- a promessa de "saciar os que tem fome" tem precedentes no Antigo Testamento, tais como: Isaías 49:10, Jeremias 31:12, Jeremias 31:25, Ezequiel 34:29, Ezequiel 36:29 e Isaías 25:6-9.
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