c) É simultâneo: Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua
totalidade, e não de forma fragmentada uma após outra (Is.40:28).
d) É completo: Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente
consciente (Sl.147:5).
e) Conhecimento necessário: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de
todas as coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua
onipotência. É chamado necessário porque não é determinado por uma ação da
vontade divina. (Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento
necessário porque não é da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido
(Hc.1:13) Deus não pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por
experiência, que envolve uma ação de Sua vontade, mas sim por simples
inteligência, por ser ato do intelecto divino (veja IICo.5:21 onde o termo grego
ginosko é usado).
f) Conhecimento livre: É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das
coisas que existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É
também chamado visionis, isto é, conhecimento de vista.
g) Presciência: Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como
Deus pode conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou
todas as coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata ordem em
que ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12;
IIRs.13:19; Jr.38:17‐20; Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia‐se em seu decreto. Deus não
originou o mal mas o conheceu nas ações livres do homem (conhecimento
necessário), o decretou e preconheceu os homens. Portanto a ordem é:
conhecimento necessário, decreto, presciência. A presciência de Deus é muito
mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado
como na LXX que inclui Sua escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6; Am.3:2). Veja
Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como se processou o conhecimento necessário de Deus
nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as decretasse? A liberdade
humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que pende
numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias considerações
intelectuais e caráter (lubentia rationalis = auto‐determinação racional).
Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação racional há um porquê, uma
razão que decide a ação. Portanto o homem verdadeiramente livre não é ohomem incerto e imprevisível, mas o homem seguro. A liberdade tem suas leis ‐
leis espirituais ‐ e a Mente Onisciente sabe quais são (Jo.2:24,25). Em resumo, a
presciência é um conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede do
decreto, "...segundo o decreto sua vontade" (Ef.1:11).
h) Sabedoria: A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na
adaptação de meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores
meios possíveis para a consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a
sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores
resultados possíveis com os melhores meios possíveis. Uma definição ainda
melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de Deus pela
qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que
o glorifica o máximo (Rm.ll:33‐36; Ef.1:11,12; Cl.1:16). Encontramos a sabedoria
de Deus na criação (Sl.19:1‐7; Sl.104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria
é personificada na Pessoa do Senhor Jesus (Pv.8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também
Jó 12:13,16).
9) Onipotência É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado
para fazer qualquer coisa que Ele queira.
A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é
incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do
passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta
do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição
infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é
distinguido de duas maneiras:
‐ Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus e potentia Dei ordinata = poder
ordenado de Deus.
‐ Hodge e Shedd definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina,
exercida sem a intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a
eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.
‐ Chanock define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer
o que Ele não fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenadocomo o poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou
ou marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas
um e o mesmo poder. O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois
se Ele não tivesse poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder
para fazer tudo o que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado
de Deus como a perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua
vontade, pode realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho.
E' óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou
realizar (Gn.18:14; Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há muitas
coisas que Deus não pode realizar. Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negarse
a Si mesmo (Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13;
Tt.1:3), isto porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua
perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas
contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer
(Sl.115:3; Sl.135:6)
a) El‐Shaddai: A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El‐Shaddai
traduzido por Todo‐Poderoso (Gn.17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).
b) Em todas as coisas: A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12),
o domínio sobre a natureza (Sl.107:25‐29; Na.1:5,6; Sl.33:6‐9; Is.40:26; Mt.8:27;
Jr.32:17; Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Sl.91:1; Dn.4:19‐37;
Ex.7:1‐5; Tg.4:12‐15; Pv.21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio sobre as
regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).
c) Na criação, na providência e na redenção: Deus manifestou o seu poder na
criação (Rm.4:17; Is.44:24), nas obras da providência (ICr.29:11,12) e na
redenção (Rm.1:16; ICo.1:24).
10) Soberania ou Supremacia Atributo pelo qual Deus possui completa
autoridade sobre todas as coisas criadas, determinando‐lhe o fim que desejar
(Gn.14:19; Ne.9:6; Ex.18:11; Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24‐
26; Jd.4; Sl.22:28; 47:2,3,8; 50:10‐12; 95:3‐5; 135:5; 145:11‐13; Ap.19:6).
a) Vontade ou Auto‐determinação: A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato
sumamente simples, dirige‐se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita‐se em Si
mesmo como tal) e às Suas criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14;
Ez.20:9,14,22,44; Ez.36:21‐23).
A vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas
diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule,
thelema).
‐ Vontade Preceptiva: Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a
vida de Suas criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com
freqüência (At.13:22; IJo.2:17; Dt.8:20).
‐ Vontade Decretória: Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a
acontecer, quer pretenda realizá‐lo causativamente, quer permita que venha a
ocorrer por meio da livre ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9‐11). A vontade
decretória é sempre obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva
relacionam‐se ao propósito em realizar algo.
‐ Vontade de Eudokia: Na qual Deus deleita‐se com prazer em realizar um fato e
com desejo de ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione
com o propósito de fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo
corresponde àquilo que será realizado com certeza, tal como acontece com a
vontade decretória (Sl.115:3; Is.44:28; Is.55:11).
‐ Vontade de Eurestia: Na qual Deus deleita‐se com prazer ao vê‐la cumprida por
Suas criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas
façam, mas que pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade
preceptiva (Is.65:12).
‐ A vontade de eudokia não se refere somente ao bem, e nela não está sempre
presente o elemento de deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de
eurestia relacionam‐se ao prazer em realizar algo.
‐ Vontade de Beneplacitum: Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o
conselho secreto e oculto de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela
torna‐se na Vontade do Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade de signum encontra‐se em
Deuteronomio.29:29.
‐ A vontade secreta é mencionada em Sl.115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19;
Rm.11:33,34; Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em
Mt.7:21; Mt.12:50; Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de
nós (Dt.30:14; Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas
que Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória,
sendo portanto, absolutamente fixa e irrevogável.
b) Liberdade: A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age
necessária e livremente. Assim como há conhecimento necessário e
conhecimento livre, há também uma voluntas necessária = vontade necessária e
uma voluntas libera = vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob
nenhuma compulsão, mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele
necessariamente quer a Si próprio e quer a Sua natureza santa. Deus
necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As Suas criaturas são objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e
quem Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça as
veredas de todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para Seus
propósitos (Jó.ll:10; Jó.23:13,14; Jó.33:13. Pv.16:4; Pv.21:1; Is.10:15; Is.29:16;
Is.45:9; Mt.20:15; Ap.4:11;Rm.9:15‐22; ICo.12:11).
PARTE 3
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