C) Atributos Morais:
1) Santidade: É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer
manter e mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza
moral em suas criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar
ou separar. Neste sentido também o Novo testamento utiliza as palavras gregas
hagiazo e hagios.
A santidade de Deus possui dois diferentes aspectos, podendo ser positiva ou
negativa (Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).
a) Santidade Positiva: Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é
absolutamente perfeito, puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5;
Is.57:15; IPe.1:15,16; Hc.1:13). A santidade positiva é amor ao bem.
b) Santidade Negativa: Significa que Deus é inteiramente separado de tudo
quanto é mal e de tudo quanto o aborrece (Lv.11:43‐45; Dt.23:14; Jó.34:10;
Pv.15:9,26; Is.59:1,2; Lc.20:26; Hc. 1:13; Pv.6:16‐19; Dt.25:16; Sl.5:4‐6). A
santidade negativa é ódio ao mal.
Além de possuir dois aspectos a santidade de Deus possui também duas
maneiras diferentes de manifestar‐se:
c) Retidão: Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em
virtude da qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa).
Sl.145:17; Jr.12:1; Jo.17:25; Sl.116:5; Ed.9:15.
d) Justiça: Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a
expressão da justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade
transitiva. A retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração
de Sua santidade.
A justiça de Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se
divide em punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os
pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a execução
das penalidades impostas por Suas leis (Sl.3:5;11:4‐7 Dt.32:4; Dn.9:12,14;
Ex.9:23‐27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune" Seus filhos
para corrigi‐los (Hb.12:6,7). Aqueles que não são Seus filhos, Deus pune como
um Juiz Severo (Rm.11:22; Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus "pune" (corrige)
como um Pai Amoroso (Jr.10:24;30:11;46:28; Sl.89:30‐33; ICr.21:13) A justiça
remunerativa é aquela pela qual Deus recompensa, com Suas bênçãos, aos
homens pela obediência de Suas leis (Hb.6:10; IITm.4:8; ICo.4:5;3:11‐15; Rm.2:6‐
10; IIJo.8)
e) Ira: Esta deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de
Deus, pois em Sua ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua
santidade (Dt.32:39‐41; Rm.11:22; Sl.95:11; Dt.1:34‐37; Sl.95:11). Podemos,então, dizer que a ira é a manifestação da santidade negativa de Deus (Rm.1:18;
IITs.1:5‐10; Rm.5:9 etc). A ira é também designada de severidade (Rm.11:22).
2) Bondade: É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se
distinguem de acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e
felicidade perfeita em Si mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Sl.33:5; Sl.119:68;
Sl.107:8; Na.1:7).
A bondade implica na disposição de transmitir felicidade.
a) Benevolência: É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a
perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas
criaturas (Sl.145:9,15,16; Sl.36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17).
Thiessen define benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para
com Suas criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é
obra Sua; Ele não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas
apenas àquilo que foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).b) Beneficência: Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada
em sua intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando
seus atributos são conferidos.
c) Complacência: É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus
que aprova todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se
conforma com Ele (Sl.35:27; Sl.51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).
d) Longanimidade ou Paciência: O hebraico emprega a palavra erek'aph que
significa grande de rosto e daí também lento para a ira. O grego emprega
makrothymia que significa ira longe. Portanto longanimidade é o aspecto da
bondade de Deus em virtude do qual Ele tolera os pecadores, a despeito de sua
prolongada desobediência. A longanimidade revela‐se no adiamento do
merecido julgamento (Ex.34:6; Sl.86:15; Rm.2:4; Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15)
e) Misericórdia: Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade,
piedade, benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa‐se as palavras
chesed e racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para com
os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos (Dt.5:10; Sl.57:10; Sl.86:5; ICr.16:34; IICr.7:6; Sl.116:5; Sl.136; Ed.3:11;
Sl.145:9; Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35; Sl.143:12; Jó 6:14).
A paciência difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto, pois
a misericórdia considera a criatura como infeliz, a paciência considera a criatura
como criminosa; a misericórdia tem pena do ser humano em sua infelicidade, a
paciência tolera o pecado que gerou a infelicidade. A infelicidade e sofrimento
deriva‐se de um justo desagrado divino, portanto exercer misericórdia é o ato
divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual ele justamente e
merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado divino.
f) Graça: É a bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto
graça é o ato divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele
não merece receber (Ex.33:19).
Na misericórdia Deus suspende o sofrimento merecido, na graça Deus concede
bênçãos não merecidas. Todo pecador merece ir para o inferno; assim Deus
exerce Sua misericórdia livrando o pecador da condenação. Nenhum pecador
merece ir para o paraíso; assim Deus exerce a Sua graça doando ao pecador o
privilégio de ir gratuitamente para o paraíso.
Essa diferença entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não
caíram. Deus nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais
tiveram necessidade dela, pois não pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos da
maldição. Todavia eles são objetos da livre e soberana graça de Deus pela qual
foram eleitos (ITm.5:21) e preservados eternamente de pecado e colocados em
posição de honra (Dn.7:10; IPe.3:22).
g) Amor: A perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido
a se comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma
afeição racional e voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no
exercício da livre escolha. Este amor encontra seus objetos primários nas
diversas Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o homem são desnecessários
para o exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição de Deus pela
qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele ama a Si mesmo,
Suas virtudes, Sua obra e Seus dons.
3) Verdade: É a consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa
que fez a asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente
divino, pois com freqüência os homens erram nos testemunhos que prestam,
simplesmente por estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura
incapacidade fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas
a onisciência de Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a
Sua onipotência e imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções
(Dt.32:4; Sl.119:142; Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7; Jo.17:3;
IJo.5:20; Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Sl.31:5; Jr.5:3; Is.25:1). Ao exercê‐la
para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como sua veracidade e
fidelidade.
a) Veracidade: Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas,
conforme elas são, e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A
veracidade fundamenta‐se na onisciência de Deus.
b) Fidelidade: Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A
fidelidade fundamenta‐se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Sl.36:5; ICo.1:9; Hb.10:23; Dt.4:24; IITm.2:13; Sl.89:8; Lm.3:23; Sl.119:138; Sl.119:75;
Sl.89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23)
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