4 .LITERATURA RABÍNICA
Revista Vértices No. 15 (2013)Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
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Existem controvérsias arqueologicamente não fundamentadas de que houve
tentativas de se compilar a Tradição Oral do Povo de Israel anteriormente ao século
V antes da era comum, ou seja, há quem defende que estas tentativas poderiam ter
ocorrido até mesmo anteriormente à compilação da Bíblia Hebraica pelo escriba
Ezra (Esdras).
A literatura rabínica é o processo acumulativo de textos de estudos que
chegaram aos judeus fariseus e continuaram nas gerações de autoridades rabínicas
dos tanaitas com a compilação das leis transmitidas, de um modo geral, oralmente,
até passarem a ser organizadas nos Seis Tomos da Mishná no século II da era
comum. Outros textos da época da Mishná, que foram acrescidos à compilação
desta, são chamados Tosefta. A compilação das interpretações da lei encontra-se no
Midrash Halahá. As interpretações homiléticas da exegese rabínica continuaram nos
séculos posteriores, dando origem ao Midrash Agadá. Midrash Rabá significa O
Grande Midrash. Ainda que escritos no dialeto judaico da região de Judá,
semelhante ao hebraico, os tomos das Seis Ordens da Mishná receberam títulos em
aramaico.
O Talmude de Jerusalém e, mais tarde, o Talmude Babilônico foram
compilados do século III ao V da era comum pelas gerações de autoridades
rabínicas amoraitas e finalizados pelas gerações de autoridades rabínicas savoraitas
até a metade do século VII da era comum.
As autoridades rabínicas que seguem são os rishonim do século XI ao XV da
era comum. A partir do século XV da era comum surgiram os ahronim estendendo-se
até os dias de hoje. Um importante exemplo de exegeta rabínico entre os rishonim é
o Rashi, acróstico do Rabino Shelomo Its'haki (1040-1105), que redigiu trabalhos
que explicam praticamente palavra por palavra toda a Bíblia Hebraica e o Talmude.
Os netos de Rashi, denominados como Baalei Tosafot, continuaram os trabalhos de
Rashi no Talmude.
A literatura rabínica foi altamente prolífera durante a Idade Média. Das
Cruzadas à Inquisição, os discípulos da doutrina judaica produziram inúmeras obras
exegéticas, filosóficas e jurídicas. Nos Autos-da-Fé da Inquisição foram queimadas,
em praça pública, pessoas e muitas obras literárias de diversas origens (não
avaliadas) pelos agentes oficiais do Santo Ofício. Portanto, cabe ao estudioso da
Bíblia resgatar o patrimônio cultural que pertence a toda a humanidade, nele a
literatura rabínica, não exterminada pelo fogo de um domínio clerical passageiro.
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Outros importantes exegetas rabínicos são Ibn Ezra (1089-1167),
Nachmanides (1194-1270), Seforno (1475-1550) e Or HaHaim - Haim Ibn Attar
(1696-1743).
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