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Brit Milá – Uma Aliança Perpétua

Brit Milá – Uma Aliança Perpétua

De acordo com a Halachá (Lei de conduta) judaica, uma criança nascida de mãe judia é considerada também judia, mesmo que o pai não seja judeu. A descendência de um judeu, casado com uma não-judia, não é considerada judaica, segundo o rabinato oficial. Mas biblicamente, a linhagem deve ser considerada por intermédio do pai, como descrito nas várias genealogias da Torá e dos Escritos Sagrados. Também na Brit Chadashá (Novo Testamento), os evangelhos de Mateus e Lucas atestam a importância para o judeu de se comprovar a linhagem Davídica de Yeshua, pois o Messias deveria ser da Casa de Davi.

Um dos símbolos que marcam a entrada de uma criança judia do sexo masculino na aliança abraâmica estabelecida entre os descendentes de Abraão em Isaque e o Criador, é a Brit Milá (Aliança do Prepúcio), também chamada de circuncisão. Vejamos as palavras de D-us a Abraão: “(…) Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por SINAL de aliança entre mim e vós. Ao oitavo dia será circuncidado (…)” (Gn 17:9-12).

Segundo as palavras de D-us, a circuncisão seria um sinal físico da aliança entre D-us e os descendentes de Abraão. Tal procedimento foi ordenado por D-us para ser cumprido “no decurso das suas gerações”, ou seja, para sempre. Por mais de 3000 anos, o povo judeu tem guardado a tradição bíblica do Brit Milá.

Todo menino judeu, aos oito dias de idade, celebra a Brit Milá. É uma ocasião de festa e alegria, pois o recém nascido está prestes a entrar na aliança abraâmica e se tornar um judeu. É interessante também notar a sabedoria de D-us ao determinar o oitavo dia. Milhares de anos após D-us ordenar aos filhos de Israel que fossem circuncidados, a medicina moderna descobriu que aos oito dias de idade o recém nascido possui a mais altas taxa de protrombina de sua vida. A protrombina é uma proteína responsável pela coagulação sanguínea e é também responsável pela eficácia do sistema imunológico. É claro que Abraão não teria como saber de tal fato, 3500 anos atrás.
 
Pintura de uma cerimônia de Brit Milá
Durante a cerimônia de Brit Milá, os pais convidam os amigos mais próximos da família bem como todos os membros da sinagoga. Após a circuncisão, o nome hebraico da criança é anunciado juntamente com a bênção que diz: “… que ele cresça nos caminhos da Torá, no casamento e em boas obras.” Todos então celebram a alegria de ter um novo judeu na comunidade.

Mas a pergunta que se faz constantemente é: Deve um judeu discípulo de Yeshua continuar realizando a cerimônia de Brit Milá? A Nova Aliança anulou o estatuto perpétuo da circuncisão para o judeu? Vejamos algumas passagens:

  1. “Completados os oito dias para ser circuncidado, deram ao menino o nome de Yeshua (Jesus), como lhe chamara o anjo antes de ser nascido. (…) segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para ser apresentado ao Senhor (…) para oferecer sacrifício, segundo o que está escrito na Lei: Um par de rolas ou dois pombinhos.” (Lc 2:21-24).
  2.  “Ouvindo-o, deram eles glória a D-us e lhe disseram: Bem vês, irmão Paulo, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram em Yeshua, e todos são ZELOSOS da Lei”. (At 21:20)
  3. “Porém confesso-te que, segundo o Caminho, a quem chamam seita, assim sirvo ao D-us de nossos pais, acreditando em TODAS as coisas que estejam de acordo com a Lei e nos escritos dos Profetas.” (At 24:14).
  4. “Paulo porém, defendendo-se, disse: Nenhuma falta cometi contra a Lei dos Judeus, nem contra o Templo, nem contra César.” (At 25:8).

Não resta dúvidas que os textos acima demonstram claramente que o Judeu, mesmo crendo em Yeshua como seu Messias, não deixa de ser judeu. Ele continua guardando a Torá e cumprindo o que foi estipulado pelo próprio D-us em sua Lei. A circuncisão faz parte dos preceitos de D-us para o povo judeu, e não deve ser anulada.

Mas o apóstolo Paulo enfrenta dois grandes problemas em relação a circuncisão em meio às Igrejas fora de Israel.  O primeiro problema foi a imposição da prática da circuncisão para os discípulos não-judeus. Alguns (judeus e também judeus crentes) começaram a exigir a circuncisão de crentes gentios como requisito para a entrada no Reino, se podemos colocar dessa forma. Os apóstolos em Jerusalém condenam ferozmente tal doutrina, proibindo a circuncisão com esse fim para o gentio crente e estabelecendo os mandamentos Noéticos como o mínimo de guarda gentílica até que seja “restaurado o Tabernáculo caído de Davi e todas as nações busquem e conheçam a D-us”. A decisão desses líderes judeus em Jerusalém foi conforme o propósito profético e escatológico que envolve Israel e seu povo, onde a Torá é apresentada a eles de forma gradual e honesta, começando-se com um “mínimo” a ser cumprido e não transformando-a em um empecilho ao mover da graça de D-us. Vejamos: “Depois que eles terminaram, falou Yaakov, dizendo: Irmãos, atentai nas minhas palavras: expôs Shimon como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito: ‘Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas conhecidas desde séculos.’ Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue. Porque Moisés (a Torá) tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados”.(At 15:13-21).
 
Kissê shel Eliáhu (cadeira de Elias) – segundo a tradição, o profeta Elias “visita” cada Brit Milá do povo judeu para testemunhar este importante mandamento.
Paralelamente a este fato, alguns gentios crentes que haviam se convertido ao judaísmo, estavam persuadindo outros gentios a se circuncidarem também, colocando a circuncisão como requisito para o gentio adentrar na aliança abraâmica, da qual através de Yeshua, eles agora faziam parte (Gl 3:28). Paulo também os combate fortemente declarando que não é a circuncisão o veículo que o salva ou o justifica, mas a obra de Yeshua em “aproximar” a Israel os que dentre as nações se convertem à D-us (Gl 5:3-6, Is 14:1). O problema é que muitos gentios crentes utilizam-se dessas passagens em Gálatas para proibirem a circuncisão para o Judeu Messiânico. Tal utilização é errada e maldosa, pois oculta a situação que ocorria na Igreja da Galácia e coloca as palavras de Paulo como sendo ordenanças para os judeus crentes, distorcendo-as. Os versículos acima citados, bem como o contexto específico em Gálatas (gentios crentes querendo se circuncidar), provam que o argumento que judeus crentes não devem mais circuncidar seus filhos é anti-bíblico e anti-judaico.

Paulo também admoesta Judeus crentes em Roma que a circuncisão, apesar de ser um mandamento, não representa a garantia para o judeu de entrada na aliança abraâmica. O que confirma a aliança é a OBEDIÊNCIA à Lei e “andar nas mesmas pegadas de Abraão” (Rm 4:12), e não apenas o ato em si: “Porque a circuncisão tem valor se praticardes a lei; se és, porém, transgressor da Lei, a tua circuncisão já se tornou incircuncisão” (Rm 2:25). Note-se que Paulo não está se posicionando CONTRA a circuncisão, mas sim tentando convencer  judeus crentes que ela deve ser acompanhada de boas obras e de um testemunho condizente com a fé. A obra não pode ser feita em lugar da fé, mas como conseqüência dela. O judeu discípulo de Yeshua não guarda a Lei para ser salvo, mas sim, porque é salvo. A intenção do coração e a motivação são completamente diferentes. Por isso, o próprio Paulo declara a Judeus que se vangloriavam na simples descendência judaica mas se esqueciam de ter um coração judaico: ” Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”.(Rm 2:28-29) (apenas um breve comentário sobre essa passagem: é decepcionante ver gentios crentes citando esse texto para provar que agora ‘são judeus’ porque ‘o são de coração’. Mais uma vez, essas palavras não foram direcionadas a gentios, mas sim, a judeus – basta ler o capítulo 2 desde o início).

Portanto, a Brit Milá deve ser para o judeu, seja ele messiânico ou não, uma honra e também uma responsabilidade. Ela deve ser cumprida, tal como todos os outros mandamentos do Eterno, com a intenção correta do coração (kavaná), sendo um símbolo externo de algo que deve existir também  internamente. A Brit Milá expressa o amor de D-us para com Israel através da aliança estabelecida entre D-us e o Seu povo. A circuncisão é um mandamento dado à Casa de Israel e deve ser mantida como cumprimento dos estatutos perpétuos dados pelo Eterno ao povo hebreu.

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