Salvo para obedecer
por Matheus Zandona
Atualmente, vemos cristãos de vários segmentos com uma enorme dificuldade de compreenderem como a graça perdoadora do Eterno pode caminhar junto com a obediência às Suas Leis. Muitos se perdem em descontextualizações dos vários discursos de Yeshua e seu discípulo Shaul (Paulo), apregoando um evangelho sem esforço, sem busca por santidade, sem bons frutos, sem boas obras, sem nada! Percebemos então um dos maiores problemas com o cristianismo de nossos dias: as pessoas não tem problema em aceitar Jesus (Yeshua) como Deus, mas não conseguem aceitá-lo como REI. Isso ocorre pois REIS demandam fidelidade e obediência, assim como Yeshua exige de nós. A má compreensão da obra do Messias e sua Graça tem ofuscado a importância da obediência nos meios cristãos. Porém, Yeshua é claro ao enfatizar a necessidade da BUSCA por santidade e obediência para agradarmos a Deus, uma vez já alcançados pela Sua graça. Não dá pra “varrer” esse ensino pra debaixo do tapete, como muitos teólogos tentam fazer. Ao recebermos a ele como nosso Senhor, recebemos também a medida de fé e graça para perseverarmos em BOAS OBRAS. Quem não se esforça e não tenta dar o seu melhor, não honra o sacrifício feito por ele. É como sempre digo: “Eu não obedeço a Deus para ser salvo, eu obedeço a Deus porque SOU salvo.”
A soteriologia sem raízes tem causado uma impressão errônea do que significa ser “salvo” pela graça de Deus. Os reformistas do séc. XVI apregoavam um conceito de predestinação à salvação estranho à Bíblia e aos ensinos de Yeshua, defendendo-a sob um prisma exclusivista (e por que não racista) nos meios protestantes. Porém, contrariando tais ensinos medievais, Yeshua não deixa dúvida alguma sobre a necessidade de valorizarmos nosso chamado e nossa salvação: “Se vós PERMANECERDES na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8:31-32).
Há um outro texto dito pelo próprio Deus ao profeta Ezequiel que traz luz e entendimento a essa questão. Vejamos: “Tu, pois, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: A justiça do justo não o livrará no dia da sua transgressão; quanto à perversidade do perverso, não cairá por ela, no dia em que se converter da sua perversidade; nem o justo pela justiça poderá viver no dia em que pecar. Quando EU disser ao justo que, certamente, viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar iniquidade, não me virão à memória todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que pratica, ele morrerá. Quando EU também disser ao perverso: Certamente, morrerás; se ele se converter do seu pecado, e fizer juízo e justiça, e restituir esse perverso o penhor, e pagar o furtado, e andar nos estatutos da vida, e não praticar iniquidade, certamente, viverá; não morrerá. De todos os seus pecados que cometeu não se fará memória contra ele; juízo e justiça fez; certamente, viverá. Todavia, os filhos do teu povo dizem: Não é reto o caminho do Senhor; mas o próprio caminho deles é que não é reto. Desviando-se o justo da sua justiça e praticando iniqüidade, MORRERÁ nela. E, convertendo-se o perverso da sua perversidade e fazendo juízo e justiça, por isto mesmo VIVERÁ.”(Ez 33:12-19)
Assim, aprendemos com os profetas de Israel e com o Messias Yeshua que a salvação é dom de Deus, mas pode sim ser perdida caso a pessoa volte à transgressão e ao pecado. É verdade que todos pecamos e carecemos da graça de Deus, mas isso não deve ser usado para vivermos uma vida de pecado e sem novidade de vida, sem santidade e sem oferecermos a Deus o nosso melhor. Yeshua foi claro ao dizer que “todo ramo que, estando em mim, não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; PERMANECEI em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, SE não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, SE não permanecerdes em mim“. (Jo 15:2-4).
Ou seja, depois de alcançados pela Graça de Deus somos ordenados a PERMANECER no caminho da Salvação. E isto é feito mediante a obediência e fidelidade à Deus e aos Seus mandamentos. Paulo afirma: “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte. Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso FRUTO para a SANTIFICAÇÃO e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:21-23 )
Deixo claro para todos os leitores que NÃO somos salvos pelas obras, PORÉM, OBRAS são esperadas dos que foram salvos. Não há como sair desse princípio. Alguém que está na videira DEVE produzir bons frutos. Não fomos salvos por que merecíamos, mas uma vez alcançados por Deus, BONS FRUTOS são esperados de nós. O texto de Ezequiel 33 é claro, e não há como retirá-lo de contexto pois o mesmo está claro por si próprio. SOMOS SALVOS PELA GRAÇA PARA ANDARMOS EM NOVIDADE DE VIDA (SANTIDADE, FRUTOS, ETC.). Quem é salvo pela graça e opta por VOLTAR aos caminhos do pecado, deve se arrepender e voltar, pois se permanecer no pecado, NO PECADO MORRERÁ. Deus é amor, mas também é justiça. Ele sabe que jamais poderemos ser 100% justos, mas Ele julga o nosso coração e a nossa atitude. Eu não sou perfeito, mas luto e me empenho para ser e farei isso até o dia de minha morte! Eu peco, mas luto e me empenho para jamais pecar! Esta deve ser a intenção do coração de quem busca a justiça de Deus, a verdadeira “KAVANÁ” que os sábios de Israel tanto nos ensinam. Quem ama obedece e luta para ser irrepreensível para AGRADAR aquele que nos salvou. “Se me amais, GUARDAREIS os meus mandamentos” (Jo 14:15). E ainda, “Aquele que TEM os meus MANDAMENTOS e os GUARDA, este é o que me ama!” (Jo 14:21). Segundo Yeshua, não existe amor sem obediência e sinceridade de coração.
É isso que se espera de quem já foi SALVO pela graça: AMOR, OBEDIÊNCIA e busca por SANTIDADE. A salvação é um DOM, e como todo dom, pode ser negligenciado e desprezado por quem o recebeu. O autor de hebreus expressa isso muito bem: “Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e PRODUZ erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, É REJEITADA e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada. Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira. Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos. Desejamos, porém, CONTINUE cada um de vós MOSTRANDO, até ao fim, a mesma DILIGÊNCIA para a plena certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas”. (Hb 6:7-12)
Quem tem ouvidos para ouvir… ouça!!! Que possamos sempre buscar o entendimento da Palavra de Deus em seu contexto original, sem sofismas ou deturpações de homens, vivenciando as revelações do Espírito do Deus vivo. Restauração JÁ!!!
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